X

Guarujá

'Bagunça' é também terapia em hospital de Guarujá

Ação garante melhor aderência aos tratamentos e recuperação.

Jeferson Marques

Publicado em 19/08/2019 às 07:03

Comentar:

Compartilhe:

A-

A+

Projeto acontece dentro do Hospital Santo Amaro, em Guarujá. / NAIR BUENO/DIÁRIO DO LITORAL

Imagine chegar na ala pediátrica de um hospital e encontrar pelos corredores brinquedos espalhados, alegria, amor e risos? É desta forma que a 'Bagunçoterapia', projeto social desenvolvido pela psicóloga Maria Letícia Marcondes Coelho de Oliveira, acontece dentro do Hospital Santo Amaro, em Guarujá. O grupo se reúne todas as sextas-feiras e, durante duas horas, leva distração e interação às crianças internadas e aos acompanhantes, enfermeiros e médicos.

"Compartilhei uma lembrança no Facebook de quando eu desenvolvia esse projeto há uns anos atrás. Aí as pessoas acharam que eu estava retomando o projeto, e começaram a enviar mensagens dizendo que gostariam de participar. Decidi reunir o pessoal, amigos e ex-alunos e, aqui estamos, recomeçando a Bagunçoterapia", conta Maria Letícia.

Dentre os muitos aspectos que o projeto colabora na saúde das crianças que estão internadas, a socialização com outras crianças - que estão na mesma situação - e o equilíbrio emocional através das brincadeiras e da criatividade podem ser citados como diferenciais no momento de amenizar a dor, a angústia e o estresse por estarem em um ambiente hospitalar.

"O ambiente hospitalar, para as crianças, gera um maior desgaste até pelos próprios procedimentos médicos, e através da Bagunçoterapia conseguimos quebrar um pouco deste processo, fazendo com que as crianças sorriam, se distraiam, sejam criativas e isso gera até uma aderência mais satisfatória aos tratamentos e, por vezes, elas até comem e dormem melhor", explica a psicóloga.

Adriana Alves Accarino é ex-aluna de Maria Letícia e trabalha como voluntária no projeto desde quando ele foi retomado (há cerca de seis meses)."Eu venho pra cá pra rir, pois em casa eu provavelmente estaria chorando. Então, estou aqui para brincar com eles e isso acaba me ajudando a superar a perda do meu pai, que ocorreu há um ano", desabafa Adriana.

Renan Augusto Alves Bruno foi o primeiro a ver a lembrança de Maria Letícia no Facebook e entendeu que ela estaria retomando a Bagunçoterapia. E, ao enviar uma mensagem, despertou em outras pessoas o mesmo interesse, que resultou na volta da ação. "Por mais cansado que eu possa estar, eu venho pra cá e saiu renovado, até mesmo com uma energia extra. Fico feliz em deixar um pouco de felicidade aqui", conta.

A aposentada Edineia Titz Leite diz que seria muito interessante que as pessoas ocupassem o seu tempo de forma mais útil, deixando o vício em celular ou redes sociais para ajudar uns aos outros. "A questão está em como ajudar o nosso semelhante. Quando não posso comparecer aqui fico triste, sabe? Vivemos num mundo egoísta, que não está fácil, e o voluntariado é um processo de renovação e preenchimento pessoal. E, estando preenchido, você pode fazer mais pelo próximo", completa ela.

A voluntária Agda Brito, que estava participando pela primeira vez do projeto, segue o pensamento de Edineia. Para ela, é preciso demonstrar gratidão por tudo o que a vida proporciona, independente dos tropeços "Eu penso que todos os seres humanos foram criados para serem bons. Ajudar ao próximo precisa estar dentro de nós", revela.

APROVAÇÃO

Pais, enfermeiros e outros profissionais da saúde também ressaltam a importância de se construir este ambiente mais leve dentro da ala pediátrica.

"Minha filha está internada há há três dias. Quando esse pessoal chegou ela deixou o mal estar de lado e veio brincar. E até esqueceu que está dentro de um hospital. E ela está aí, brincando toda entretida", comenta Crislaine Mauréu de Alencar, mãe de uma das crianças que participavam da brincadeira.

Para a enfermeira Drielly da Silva Sales a iniciativa ajuda até mesmo no seu trabalho, pois muitas crianças tem receio de ver a pessoa de branco. "Elas ficam mais a vontade, comem melhor, interagem e permitem que a gente dê a medicação sem muitos traumas", finaliza.

Apoie o Diário do Litoral
A sua ajuda é fundamental para nós do Diário do Litoral. Por meio do seu apoio conseguiremos elaborar mais reportagens investigativas e produzir matérias especiais mais aprofundadas.

O jornalismo independente e investigativo é o alicerce de uma sociedade mais justa. Nós do Diário do Litoral temos esse compromisso com você, leitor, mantendo nossas notícias e plataformas acessíveis a todos de forma gratuita. Acreditamos que todo cidadão tem o direito a informações verdadeiras para se manter atualizado no mundo em que vivemos.

Para o Diário do Litoral continuar esse trabalho vital, contamos com a generosidade daqueles que têm a capacidade de contribuir. Se você puder, ajude-nos com uma doação mensal ou única, a partir de apenas R$ 5. Leva menos de um minuto para você mostrar o seu apoio.

Obrigado por fazer parte do nosso compromisso com o jornalismo verdadeiro.

VEJA TAMBÉM

ÚLTIMAS

Cotidiano

'Lua Cheia Rosa' acontece nesta terça (23)

Evento pode ser visto em todo o Brasil, a partir das 17h30

Cubatão

105 escrituras definitivas são entregues a moradores da Vila Natal, em Cubatão

Evento faz parte do processo de regularização fundiária que vem sendo implementado no município desde 2017

©2024 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software

Newsletter