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Educação

Doria diz que professores em SP são bem pagos, mas que 'não devem ser preguiçosos'

A declaração foi feita em visita do governador à região de Presidente Prudente, no interior do estado, horas antes de sua gestão anunciar reajuste à categoria.

Folhapress

Publicado em 22/02/2020 às 19:07

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Rovena Rosa/Agência Brasil

O governador João Doria (PSDB) afirmou nesta quinta-feira (20) que os professores da rede estadual paulista são bem pagos, mas que São Paulo "não remunera professores para ficarem em casa tomando suco de laranja e sendo preguiçosos".

A declaração foi feita em visita do governador à região de Presidente Prudente, no interior do estado, horas antes de sua gestão anunciar reajuste à categoria. Em seu trajeto, ele passou por protestos de docentes da rede estadual reivindicando melhores salários.

Em entrevista a jornais locais, ele afirmou: "Os professores estão sendo sim bem remunerados, mas remunerados de acordo com a sua produtividade. São Paulo não remunera professores para ficarem em casa tomando suco de laranja e sendo preguiçosos. São Paulo remunera professores que trabalham, esses merecem remuneração, atenção e respeito."

Doria lembrou ainda o pagamento de bônus por desempenho, ao qual têm direito professores de escolas que atingem metas do Idesp, índice estadual da educação básica - em sua fala, ele confundiu com o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), que é nacional.

"E [São Paulo] remunera também em especial esses que atingem os índices do Ideb, esses professores e professoras estão sendo contemplados com mais recursos à medida que cumprem sua missão", afirmou.

Como a Folha de S.Paulo revelou em 2018, a política de bônus foi mantida pelas gestões tucanas no estado mesmo após avaliações do próprio governo apontarem sua ineficácia.

Vídeo das declarações de Doria na véspera, transmitido pela TV Fronteira, afiliada da Globo, circula nesta sexta-feira entre professores, que têm reagido com indignação.

"O governador João Doria não perde oportunidade de demonstrar arrogância, desconhecimento e descompromisso com a realidade dos professores da rede estadual de ensino", afirma a presidente da Apeoesp (sindicato dos professores) e deputada estadual Professora Bebel (PT).

"O mais rico estado da federação paga salários abaixo do piso nacional. Os professores são muito mal remunerados e são desvalorizados pelos sucessivos governos do PSDB. Se há qualidade nas escolas estaduais, ela se deve à abnegação e ao sacrifício de professoras e professores, apesar de tantos ataques. E não ficamos em casa tomando suco de laranja. Quando ficamos em casa é para tomar remédios, porque as péssimas condições de trabalho nos deixam doentes."

Na manhã desta sexta-feira, horas após a declaração do governador, a gestão Doria anunciou o pagamento de um abono de até 12,84% do salário para que São Paulo passe a cumprir o piso nacional do professor -de R$ 2.886,24 para uma jornada de 40 horas -, o que ao menos desde o ano passado não acontecia.

O valor é proporcional à carga horária. O vencimento para a jornada de 32 horas será de R$ 2.164; R$ 1.731,69 para a de 24 horas e R$ 865,85 para a de 12 horas.

A Apeoesp reclama que abono não é reajuste, pois não conta para efeito de cálculos de gratificações.

Horas após as declarações no oeste do estado, Doria publicou em rede social vídeo ao lado do secretário da Educação, Rossieli Soares, no qual anuncia o aumento. "Boa noticia para os professores de São Paulo, a recomposição salarial prometida por nós desde janeiro do ano passado estamos cumprindo", afirma o governador.

A reportagem perguntou ao governo do estado a quais professores o governador se referia ao falar de educadores que ficam em casa tomando suco de laranja e são preguiçosos.

Em nota enviada às 17h37, a Secretaria de Comunicação do estado afirmou que "a reportagem da Folha de S.Paulo tira do contexto a fala do governador João Doria, que foi dirigida especificamente a cerca de dez sindicalistas que diziam representar os docentes em pleno horário escolar, enquanto os professores de verdade, a quem o governador tem profundo respeito, estavam trabalhando".

"O Governo de SP está sempre empenhado em valorizar o professor, pois entende que assim valoriza o profissional responsável por educar e proporcionar um futuro melhor para nossa juventude. Mostra disso é o anúncio realizado nesta sexta-feira sobre a recomposição salarial dos professores", diz o texto.

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