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Cotidiano

Com vacinas em falta na Região, meningite e coqueluche são as doenças que mais trazem riscos

Ausência de imunização para bebês e crianças atinge não só a Baixada Santista, mas vários estados do País

Thaís Moraes

Publicado em 12/07/2019 às 07:30

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Outras vacinas que também estão em falta em algumas cidades da Baixada Santista são a DTP e a poliomelite oral / Nair Bueno/DL

A falta da vacina pentavalente, que protege bebês contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e meningite/infecções pela bactéria Haemophilus influenzae tipo b (Hib) e é aplicada na rede pública de saúde aos dois, quatro e seis meses de idade, deixa as crianças mais vulneráveis, principalmente à meningite, inflamação das membranas que revestem o cérebro; e à coqueluche, doença respiratória altamente contagiosa.

A médica pediatra infectologista, professora da Faculdade de Medicina da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes) e membro do Comitê Técnico Assessor de Imunizações do Ministério da Saúde, Luiza Helena Falleiros, explica que quanto mais nova a criança, pior a doença se manifesta.

"A coqueluche é extremamente mais grave na criança não vacinada que tem dois meses do que na criança não vacinada que contrai a doença aos seis. A meningite também é gravíssima em crianças de baixa idade. Difteria e tétano dificilmente são adquiridos até os seis meses por causa dos anticorpos vindos do leite materno, e a hepatite B não apresenta risco imediato de doença grave".

A jornalista Juliana Kucharuk, de 27 anos, levou em junho a filha com dois meses para receber a primeira dose da pentavalente na Policlínica da Ponta da Praia, em Santos, e foi informada que a vacina estava em falta em diversas unidades.

"Disseram que se tivesse a vacina em alguma policlínica era porque havia sobrado na geladeira e não porque tinham recebido um novo lote. Com bebê pequeno é difícil ir até outras unidades, então optei por levá-la numa clínica particular. Não dá para a criança correr o risco de pegar uma doença, ainda mais com a chegada do inverno", conta.

A reportagem entrou em contato com clínicas particulares de vacina em Santos e encontrou preços que variam entre R$ 280 e R$300. Mas há uma diferença entre a vacina aplicada na rede pública e na rede particular. Nas clínicas privadas, a vacina é a hexavalente porque a dose imuniza também contra a poliomielite, portanto, contra seis doenças, diferente da vacina encontrada no Sistema Único de Saúde (SUS), que a vacina contra a poliomielite é aplicada separadamente.

Os pais que optarem por imunizar o filho numa clínica particular devem informar se a criança já recebeu a vacina contra a poliomielite na rede pública. "Geralmente procura-se deixar um intervalo de um mês entre duas doses de vacina. Se houver alguma urgência para a vacinação, é preciso analisar cada caso em particular e indicar o melhor esquema para o caso", explica a infectologista.

O pediatra e coordenador da Faculdade de Medicina da Unimes, Cláudio França, ressalta que se não houver a vacina pentavalente na rede pública, existem outras alternativas. "Pode ser aplicada a tetravalente e se está também não estiver disponível, a criança deve tomar a tríplice bacteriana (difteria, tétano e coqueluche), que é muito difícil de faltar no SUS. Por muito tempo foi aplicada tríplice, a mudança para a tetra e depois para a penta tem poucos anos e o objetivo foi diminuir a quantidade de injeções que a criança recebe. Quanto menos agressivo for, melhor."

O médico também esclarece que independentemente da escolha entre o público ou privado, a imunização é igual. "Para mim, uma das coisas mais bem estruturadas do Ministério da Saúde é a vacinação. A rede pública não deixa nada a desejar, pelo contrário, são os serviços particulares que sempre tentam fazer igual ao SUS. Não existe qualquer diferença do ponto de vista da resposta imunológica".

Outras vacinas que também estão em falta em algumas cidades da Baixada Santista são a DTP, chamada também de tríplice bacteriana (difteria, tétano e coqueluche) e poliomelite oral.

Falleiros esclarece que a DTP e a poliomelite oral, ambas aplicas aos 15 meses e entre quatro e seis anos de idade, são reforços, então a falta delas não traz problemas.

"As três primeiras doses da vacina contra a poliomelite (aos dois, quatro e seis meses) são de aplicação intramuscular e praticamente deixam as crianças 100% imunes ao vírus da pólio", tranquiliza.

Em falta no Brasil

A vacina pentavalente, em falta na Baixada Santista desde o mês passado, também não está disponível na capital paulista, outras cidades do Estado e há relatos de falta em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Goiás, Rio Grande do Sul e Bahia.

O Ministério da Saúde informa que adquire a pentavalente por meio do Fundo Rotatório para Aquisições de Imunobiológicos da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), pois não existe vacina com registro no Brasil. Foram distribuídas, neste ano, três milhões de doses aos estados. Por se tratar de importação de vacina sem registro no país, o produto precisa passar por análise do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) antes da distribuição.

Assim que os próximos lotes que já estão em posse do Ministério da Saúde forem liberados, novas doses serão enviadas aos estados. A orientação é que, nos municípios com baixo de estoque da vacina, os profissionais de saúde façam o agendamento da vacinação. 

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