05 de Maio de 2024 • 05:09
Repórter da Terra
O Jornal Nacional assassinou a verdade na última segunda-feira. Em matéria sobre a alta nos preços do óleo de soja, o telejornal mais visto do Brasil ‘passou o pano’ para o agronegócio e para o Governo Federal, responsáveis pela inflação que corrói o salário do trabalhador. Produzida por equipe do Mato Grosso, terra do agronegócio exportador, a reportagem induziu à crença de que a Guerra na Ucrânia e uma crise na Indonésia são responsáveis pela alta desse insumo básico na mesa dos brasileiros. Aliás, a guerra passou a ser a desculpa da vez para a alta nos preços. Antes, eram os lockdowns! Mas, essa versão do JN, que soou quase como um release (peça de marketing produzida por empresas e governos) não é verdadeira!
Sabe por que?
Primeiro: o Brasil é o maior produtor e maior exportador mundial de soja, respondendo por aproximadamente 50% do grão disponibilizado no mercado internacional.
Ou seja, o Brasil produz soja suficiente para abastecer toda sua agroindústria de óleos e de rações animais (inclusive para cães e gatos).
Mais: o País dispõe de grão suficiente para produzir biodiesel que, adicionado ao diesel comum, poderia reduzir o custo dos fretes e do transporte coletivo.
E isso evitaria a chamada espiral inflacionária, tão temida por economistas!
O problema é que limitar as exportações para suprir o mercado interno e, com isso, aumentar a oferta do grão no País com previsível reflexo na queda dos preços de óleo, rações e diesel criaria uma celeuma com o agronegócio exportador.
E o agro é base de apoio irrestrito ao Governo Bolsonaro!
Na Argentina, desde 1862 diferentes governos tentaram conter a inflação criando impostos temporários sobre a exportação de alimentos. Essa política pública ficou conhecida como ‘retenciones’ e sempre enfrenta resistências.
Neste século, os governos de esquerda do casal Kirchner adotaram as ‘retenciones’ em 2002 e 2008. E, a partir daí, não tiveram mais sossego, com protestos de fazendeiros e greves de caminhoneiros ligados ao agro...
Mas, frearam a inflação!
No final de março, o atual presidente, Alberto Fernández, aumentou as tarifas de exportação sobre o trigo e o óleo de soja novamente...
Segundo: voltando ao Jornal Nacional, só faltou a reportagem informar que, além de maior produtor e maior exportador de soja do mundo, a escalada no preço do óleo de soja começou em 2019, portanto três anos antes da Guerra da Ucrânia...
De lá para cá, o produto foi campeão da inflação nos últimos dois anos e agora atingiu recorde absoluto de preços, segundo IBGE e Cepea/USP. Em meados de 2021, uma pesquisa do Procon-SP chegou a apontar alta de 90,66% no óleo de soja em 12 meses...
Terceiro: o Brasil fechou o primeiro trimestre com 23,5 milhões de toneladas de soja enviadas para o exterior, segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais. Até o final do ano, serão exportadas 80 milhões de toneladas.
Filosofia do campo:
“Tudo o que nele existia era velho, com exceção dos olhos que eram da cor do mar, alegres e indomáveis”, Ernest Hemingway (1899/1961), escritor norte-americano, em ‘O velho e o mar’.
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