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Repórter da Terra

Bolsonaro abre mão de R$ 700 milhões em impostos para manter privilégios do agro

O Ministério da Economia resolveu abrir mão de R$ 700 milhões em impostos para tentar conter a inflação. A medida anunciada na quinta-feira zerou a tarifa de importação sobre carne bovina, frango, milho, trigo e biscoitos. Analisando de maneira superficial, essa decisão parece benéfica para a sociedade porque pode ampliar a oferta de alimentos no País e, com isso, reduzir a carestia. Porém, ela consagra é o interesse do agronegócio, em prejuízo dos cofres públicos, afinal, o Brasil é o maior exportador de carne bovina e de frango no mundo. Mais: as exportações de milho baterão recorde em 2022.

Ou seja, o Brasil exporta milho, carne e frango para, depois, importar de volta!

E sem imposto!

Assim, fazendeiros e agroindústria continuarão faturando bilhões, em dólar!

E o governo abrirá mão de recursos que deveriam ser investidos em saúde, educação, segurança pública...

Essa farra ocorre porque Bolsonaro se nega a impor limites no envio de alimentos para o exterior.

A criação de cotas aumentaria a oferta interna de carne, milho e frango, com impacto direto na inflação.

Mas, o governo prefere transferir renda da sociedade como um todo para o bolso de seus apoiadores do agronegócio...

E os R$ 700 milhões poderiam ser usados na recomposição dos estoques reguladores da Companhia Nacional de Abastecimento, política pública adotada na década de 1940 que garantiu o abastecimento regular de alimentos no País.

Os estoques da Conab também permitiriam um controle maior nos preços, como aconteceu nos picos inflacionários dos anos 1970 e 1980.

Apesar de ser uma política recomendada até pela ONU, os estoques brasileiros atingiram em março os níveis mais baixos deste século, como mostrou esta coluna com exclusividade no dia 1°.

Segundo a consultoria Safras e Mercado, o País exportará 36 milhões de toneladas de milho neste ano, aumento de 71% na comparação com 2021.

Segundo a Beef Magazine, o Brasil exportará 12% mais carne bovina neste ano em comparação com 2021. O País responde por um quarto de toda carne vendida no mundo...

No frango, o crescimento será de 9% neste ano. O País enviará ao exterior 4,6 milhões de toneladas, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA.

Incoerência, lobby...

Prova de que o governo não sabe o que fazer para conter a inflação foi a revogação na terça-feira da Resolução Gecex 31. A Resolução estava em vigor havia 45 dias e isentava a muçarela da mesma tarifa de importação...

...e prejuízo ao consumidor

Após pressão da Associação Brasileira dos Produtores de Leite e da bancada ruralista no Congresso Nacional, o Ministério da Economia decidiu voltar a cobrar tarifa de 28% no queijo importado. E isso acontece no período mais crítico para a produção de leite e derivados no País, o chamado período das vacas magras...

Quer economizar?

Historicamente, maio é o auge das capturas de badejo, garoupa, robalo, sardinha, siri e sororoca. E essas espécies ficam mais em conta nas peixarias em relação a outras épocas do ano...

Filosofia do campo:

“O opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos”, Simone de Beauvoir (1908/1986), filósofa francesa.

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