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Política

Olavo de Carvalho critica comitiva do PSL na China e nega ser guru do governo

Grupo de deputados federais e senadores vai apresentar um Projeto de Lei que obriga a implantação de tecnologia de reconhecimento facial em locais públicos

Folhapress

Publicado em 17/01/2019 às 18:30

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Olavo de Carvalho criticou a ida de uma comitiva de parlamentares do PSL à China / Mauro Ventura/Divulgação

O escritor Olavo de Carvalho criticou a ida de uma comitiva de parlamentares do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, à China para conhecer o sistema de reconhecimento facial do país e disse que, se fosse de fato guru do governo, isso não aconteceria.

"Tem uma turma que fica dizendo que eu sou o guru do Bolsonaro. Seu eu fosse, certas coisas não estariam acontecendo. A primeira é esta viagem de meia dúzia de senadores e deputados do PSL à China para negociar a instalação do sistema de reconhecimento facial nos aeroportos", afirmou Olavo em um vídeo postado no Twitter na noite desta quarta-feira (16).

Segundo reportagem do portal UOL, um grupo de deputados federais e senadores eleitos em 2018 pelo PSL vai apresentar no início do ano legislativo, que começa em fevereiro, um Projeto de Lei que obriga a implantação de tecnologia de reconhecimento facial em locais públicos para auxiliar as forças de segurança pública no combate ao crime e na captura de suspeitos ou foragidos.

Para dar andamento ao projeto, uma comitiva de 12 membros do partido embarcou para a China na terça-feira (15), de acordo com a reportagem.

O sistema proposto consistiria em câmeras especiais que podem ser usadas por policiais ou instaladas em estações de trem e metrô, aeroportos, vias públicas de grande movimento de pedestres e até em pontos estratégicos de comunidades dominadas por traficantes e milícias. A ideia é que o Rio de Janeiro seja a primeira capital a receber a tecnologia.

"Instalar esse sistema nos aeroportos brasileiros é entregar ao governo chinês as informações sobre todo mundo que mora no Brasil. Inclusive e especialmente alguns refugiados chineses que estejam aí. A partir da hora em que esse negócio for instalado, esses refugiados chineses podem se considerar mortos", disse Olavo.

"Esses deputados não sabem absolutamente... Eu digo, o problema do Brasil é a ignorância, é o analfabetismo funcional, é a presunção dos semianalfabetos, e está aqui os semianalfabetos", continuou o escritor passando a ler uma lista de nomes, incluindo o da deputada federal eleita por São Paulo Carla Zambelli.

"Nunca vou te perdoar isso aí. Já te ajudei muito e já apoiei muito. Se você não sair desse negócio eu não falo mais com você. Aqueles que têm alguma consciência que estão metidos no meio disso, vê se acorda, gente", afirmou.

Olavo chamou os parlamentares de "caipiras" e "palhaços" e disse que eles estavam fazendo uma loucura. "Vocês estão entregando o Brasil à China, ao poder chinês".

"Você acha que uma leizinha brasileira vai controlar o sistema de informação chinês? Vocês são idiotas, meu Deus do céu? Vocês têm ideia da extensão da tecnologia chinesa de controle comportamental? Vocês não estudaram nada disso e nem querem estudar. Estão achando lindo que foram convidados para ir para a China. É um bando de caipiras", afirmou.

O escritor cobrou ainda uma posição do governo: "Também pergunto: cadê o Executivo? O Executivo vai deixar esses caras irem para lá para entregar o Brasil ao poder chinês desta maneira?", questionou. Horas depois, fixou uma postagem em sua conta no Twitter, marcando o presidente Jair Bolsonaro: "@jairbolsonaro é um grande, honesto e leal presidente, mas cercado de falsos amigos".

A China tem em uso o maior e mais moderno sistema de vigilância do mundo, que usa o reconhecimento facial para identificar os cidadãos -e, desta maneira, prender criminosos e suspeitos. No país, existem 170 milhões de câmeras com essa capacidade e outras 400 milhões serão instaladas, de acordo com informações divulgadas pelo governo.

Os equipamentos conseguem reconhecer o rosto das pessoas e fazer imediatamente a associação com suas informações registradas. Essa leitura permite também identificar o gênero e a idade das pessoas. O sistema associa ainda o rosto do cidadão a informações como o carro que utiliza, suas rotas mais frequentes, a seus parentes e às pessoas com quem ele entra em contato, dados tributários, profissionais e outros.

Críticos do sistema na China acusam do governo do Partido Comunista de usar o sistema para conseguir amplo controle social sobre seus cidadãos, ao vigiá-los sem que percebam ou tenham feito algo de errado.
O governo diz que só usa o sistema contra criminosos e não dissidentes políticos.

Olavo cita no vídeo a empresa Huawei, que tem câmeras que realizam reconhecimento facial, mas não é a única -a Dahua Technology, por exemplo, é fornecedora do governo chinês.

"A firma que trata disso, a Huawei, é altamente suspeita, o representante dela já foi preso na Polônia, no Canadá e nos Estados Unidos por atividade de espionagem [...] não vão nem investigar, não estão sabendo de nada, pega uma porcaria de uma leizinha do governo Temer e acha que isso vai nos defender contra o maior sistema de informação que tem no mundo. Vocês são uns palhaços mesmo", disse.

Ele se refere à Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, sancionada em agosto pelo então presidente Michel Temer e que passa a vigorar em 2020. Apesar da aprovação, o artigo 4º exclui da sua aplicação o tratamento de dados para fins de segurança pública.

Em relação à Huaewi, Wang Weijing, então diretor de vendas da chinesa, foi preso na semana passada na Polônia, em nome da China, por acusações de espionagem. A empresa demitiu Wang afirmando que ele levou a empresa ao descrédito e que suas ações não têm relação com a Huawei.

Em dezembro, foi a vez de Meng Wanzhou, filha do fundador da gigante de tecnologia asiática, ser detida no Canadá, a pedido dos Estados Unidos. O governo americano alega que a fabricante de smartphones tenha enganado bancos internacionais sobre transações ao Irã, violando regras de sanção ao país.

Crítica à imprensa

Olavo afirmou que, caso ele fosse guru de Bolsonaro, a vinda da CNN para o Brasil também não aconteceria.

"Está na cara que a mídia brasileira inteira é inimiga do governo", disse. "Não basta isso, precisa vir a CNN para contratar mais 400 jornalistas e o governo permite isso aí. E eu sou o guru dessa porcaria. Eu não sou o guru de merda nenhuma. Se eu fosse, as pessoas não teriam sequer a coragem de apresentar essas ideias. Mas não apenas apresentaram como estão realizando", continuou.

Na segunda-feira (14), a rede de notícias americana CNN anunciou que fechou acordo com um grupo de mídia brasileiro para licenciar sua marca no Brasil.

A CNN Brasil será programada e operada por uma nova empresa liderada pelo jornalista Douglas Tavolaro, que deixa a vice-presidência de jornalismo do Grupo Record, e pelo empresário Rubens Menin, fundador da MRV Engenharia, maior construtora do país.

À reportagem, a CNN internacional disse que as licenciadas que operam canais e plataformas da marca são editorialmente independentes.

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