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Política

‘Irão para o segundo turno dois inimigos e não dois adversários’, diz cientista político

Segundo Fernando Chagas, esse quadro inédito configurado nas eleições deste ano deve-se há alguns fatores. Confira

Bárbara Farias

Publicado em 07/10/2018 às 07:41

Atualizado em 07/10/2018 às 10:25

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Chagas avalia que Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) têm fortes chances de irem ao segundo turno / Agência Brasil

Neste domingo, começa a ser escrito o primeiro capítulo do novo cenário político no Brasil que se desenhará a partir de 1º de janeiro de 2019. O país tem 147 milhões de eleitores que devem ir às urnas hoje votar para presidente e vice, governador, dois senadores, deputado federal e deputado estadual. Há uma grande possibilidade de haver segundo turno para as eleições de presidente e governador, este último no caso do estado de São Paulo.

Mas, nunca antes, no período democrático da história do Brasil, houve uma polarização partidária tão acirrada, com candidatos a presidente de extrema direita e de extrema esquerda com maiores chances de irem ao segundo turno do pleito eleitoral, o que não configura, segundo avalia o cientista político Fernando Wagner Chagas, um prenúncio positivo para o futuro político, econômico, social e democrático do país seja qual deles for eleito.

Chagas avalia que os candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) têm fortes chances de irem ao segundo turno das eleições presidenciais, embora representem minorias de extrema direita e de extrema esquerda, respectivamente.

Segundo ele, esse quadro inédito configurado nas eleições deste ano deve-se há alguns fatores. De um lado há uma população com um forte desejo de mudar o sistema político tradicional e que quer o fim da corrupção. Desejos que se inflamam ainda mais com o discurso radical de Bolsonaro de se combater a violência com violência, combater a corrupção e mudar o sistema político atual. Por outro lado, há um grupo com um sentimento de revolta contra o que chamam de “golpe”, que começou nas disputa eleitoral entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) e ganhou força com o impeachment de Dilma em 2016.

“Nessa eleição há uma radicalização fora de controle. E a população buscando os extremos e isso não é bom”, afirma Chagas.

“Irão para o segundo turno dois inimigos e não dois adversários políticos”, analisa Chagas sobre Haddad e Bolsonaro. 

“A esquerda vem com um discurso radical de que houve um golpe e injustiça, então há um discurso de revolução e de que o PT vai trazer a felicidade dos tempos de Lula de volta”, acrescenta o cientista político. 

O especialista analisa ainda que se Bolsonaro e Haddad forem mesmo para o segundo turno será difícil conseguirem apoio dos demais candidatos de centro: Geraldo Alckmin (PSDB), Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede), João Amoêdo (Novo) e Henrique Meireles (MDB). Porém, avalia que mesmo que algum deles manifestem apoio a um ou ao outro candidato em disputa, dificilmente o seu eleitorado acompanhará sua escolha nas urnas.

Na análise de Chagas seja o presidente eleito Jair Bolsonaro ou Fernando Haddad não será bom para o Brasil, pois acredita que ambos adotarão medidas autoritárias e sem abertura para diálogo, pois governarão com rejeição da maioria da população, apenas um terço a favor.  Dessa forma, dificilmente um ou outro conseguirá fazer as reformas necessárias.

“Quem entrar vai governar com dois terços da população contra, além de ter em mãos uma dívida pública que corresponde a 80% do PIB e um déficit anual de R$ 120 bilhões, sem dinheiro para investimentos, apenas para custeio da máquina, Previdência e servidores públicos”, afirma Chagas acrescentando que os primeiros seis meses serão bem difíceis, com agravamento da crise.  

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