X

Mundo

Órbita da Terra já acumula 7,5 mil toneladas de sucata

Esses detritos viajam em torno da Terra em velocidades alucinantes, que podem passar dos 28 mil quilômetros por hora. Nessas condições, a colisão de um pequeno parafuso com um satélite pode ter o efeito de um tiro de canhão.

Estadão Conteúdo

Publicado em 29/04/2018 às 01:30

Comentar:

Compartilhe:

A-

A+

Em 60 anos de atividade espacial, mais de 5 mil lançamentos de foguetes fizeram com que a órbita da Terra ficasse repleta de dejetos. / Fotos Públicas

No início de abril, a estação espacial chinesa Tiangong -1 - que pesava 8,5 toneladas e estava fora de controle e inoperante desde 2006 - caiu no Oceano Pacífico, chamando a atenção do mundo para a questão da sucata espacial. Mas, segundo estudos feitos pela Agência Espacial Europeia (ESA), o problema é bem mais grave do que a queda de um módulo em pane: a quantidade de lixo aumentou consideravelmente nos últimos anos, deixando o espaço orbital da Terra cada vez mais próximo do limite de saturação.

Em 60 anos de atividade espacial, mais de 5 mil lançamentos de foguetes fizeram com que a órbita da Terra ficasse repleta de dejetos. A ESA estima que satélites inoperantes, partes de foguetes, peças de espaçonaves e pedaços de objetos relacionados a missões espaciais já somam 7,5 mil toneladas de lixo orbital.

Esses detritos viajam em torno da Terra em velocidades alucinantes, que podem passar dos 28 mil quilômetros por hora. Nessas condições, a colisão de um pequeno parafuso com um satélite pode ter o efeito de um tiro de canhão. 

"Se reduzirmos os lançamentos espaciais a zero hoje mesmo, o número de objetos vai continuar aumentando da mesma forma. Isso porque cada colisão espalha um grande número de detritos, que continuam viajando no espaço em grande velocidade, produzindo novas colisões", disse ao Estado o diretor do Escritório de Detritos Espaciais da ESA, Holger Krag.

De acordo com Krag, esse efeito cascata, que tende a aumentar exponencialmente os riscos de novas colisões, praticamente inviabilizando o uso da órbita terrestre para atividades espaciais, foi previsto em 1978 por um consultor da Nasa, Donald Kessler. Quatro décadas depois, a chamada "síndrome de Kessler" já é uma realidade. 

"Há cinco anos, concluímos que a síndrome de Kessler já acontece em algumas regiões do espaço e então corremos para implementar nosso programa de redução do lixo espacial. Estamos desenvolvendo tecnologias de remoção ativa dos detritos. Se conseguirmos recursos, o programa entrará em ação em 2023", afirmou Krag.

Ele conta que a prioridade é retirar do espaço os objetos grandes - que são a maior fonte de novos detritos - e os mais próximos à Terra, onde se concentra mais lixo. "Objetos menores também são perigosos, mas têm mais chance de cair na atmosfera, desintegrando-se." 

Segundo Krag, o tempo entre duas colisões está ficando cada vez mais curto. "Hoje, acontece uma colisão a cada cinco anos, provocando milhares de fragmentos. Nesse ritmo, em poucas décadas a órbita baixa da Terra ficará impraticável."

Segundo Krag, em 2009 foi registrada a primeira colisão entre dois satélites de comunicação: um deles, russo, desativado, e o outro, americano, em operação. "Só nesse episódio foram lançados mais de 2 mil fragmentos de lixo. Por isso é tão urgente rastrear e eliminar esses objetos maiores." 

Já foram rastreados até agora mais de 23 mil detritos com mais de 10 centímetros na órbita da Terra. Outros 750 mil fragmentos têm entre 1 e 10 centímetros. Estima-se que haja ainda 166 milhões de dejetos com menos de 1 centímetro, que não podem ser rastreados.

Apoie o Diário do Litoral
A sua ajuda é fundamental para nós do Diário do Litoral. Por meio do seu apoio conseguiremos elaborar mais reportagens investigativas e produzir matérias especiais mais aprofundadas.

O jornalismo independente e investigativo é o alicerce de uma sociedade mais justa. Nós do Diário do Litoral temos esse compromisso com você, leitor, mantendo nossas notícias e plataformas acessíveis a todos de forma gratuita. Acreditamos que todo cidadão tem o direito a informações verdadeiras para se manter atualizado no mundo em que vivemos.

Para o Diário do Litoral continuar esse trabalho vital, contamos com a generosidade daqueles que têm a capacidade de contribuir. Se você puder, ajude-nos com uma doação mensal ou única, a partir de apenas R$ 5. Leva menos de um minuto para você mostrar o seu apoio.

Obrigado por fazer parte do nosso compromisso com o jornalismo verdadeiro.

VEJA TAMBÉM

ÚLTIMAS

Cotidiano

Criminoso joga jovem no chão em tentativa de roubo em Guarujá; ASSISTA

Imagens de câmeras de segurança flagraram o momento.

Santos

Passagem de ônibus não terá aumento em Santos, anuncia prefeito

O preço, portanto, permanecerá em R$ 5,25, valor que vigora desde fevereiro do ano passado

©2024 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software

Newsletter