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Oposição pede demissão de embaixador de Israel nos EUA por não informar assédio

Na semana passada, Julia Salazar, candidata ao Senado pelo Estado de Nova York, acusou Keyes de ter abusado sexualmente dela há cinco anos.

Estadão Conteúdo

Publicado em 17/09/2018 às 03:22

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A parlamentar israelense Karin Elharrar, do partido oposicionista de centro Yesh Atid, declarou neste domingo que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu deveria demitir o embaixador do país para os Estados Unidos, Ron Dermer, por não ter reportado acusações de assédio sexual contra um assessor próximo a Netanyahu. Karin diz que Dermer recebeu informações relacionadas ao porta-voz de Netanyahu para a imprensa internacional, David Keyes, mas não reportou o caso. Ela também atacou o próprio Netanyahu por não se manifestar sobre o assunto. 

Na semana passada, Julia Salazar, candidata ao Senado pelo Estado de Nova York, acusou Keyes de ter abusado sexualmente dela há cinco anos. A repórter do jornal Wall Street Journal Shayndi Raice também escreveu no Twitter que teve um "encontro terrível" com Keyes antes de ele ter se tornado porta-voz de Netanyahu. Shayndi o descreveu como um "predador" e alguém que não tinha "absolutamente nenhuma concepção da palavra 'não'".

Desde então, mais de uma dezena de mulheres vêm apresentando acusações, algumas referentes a atos cometidos por Keyes depois de ele ter assumido o atual cargo no governo israelense, no início de 2016. Keyes, 34 anos, nega e diz que todas as afirmações "são profundamente enganosas". O porta-voz pediu uma licença do cargo para, segundo ele, tentar limpar seu nome.

Karin disse que espera do primeiro-ministro uma clara condenação ou ao menos uma menção de que as alegações seriam analisadas. "Quem senão o primeiro-ministro deveria ser um exemplo sobre este assunto? Chegou a hora de a questão do assédio sexual estar no topo de sua agenda", disse a parlamentar à Associated Press.

No fim de semana, Dermer confirmou ter sido avisado, no fim de 2016, pelo colunista do jornal The New York Times Bret Stephens - depois do Wall Street Journal - sobre o comportamento agressivo de Keyes em relação às mulheres. O The New York Times reportou que Stephens avisou Dermer que "Keyes oferecia riscos a mulheres dos escritórios do governo israelense". Segundo o jornal, algumas organizações para as quais Keyes trabalhou adotaram medidas para mantê-lo distante de suas estagiárias. 

Dermer justificou não ter relatado o caso após tomar conhecimento por não considerar que assédio seria crime. Elharrar rebateu, em sua carta a Netanyahu, que Dermer não seria qualificado para julgar o caso. Segundo a parlamentar, assédio sexual é considerado crime pela lei israelense e servidores públicos são obrigados a relatar qualquer conhecimento sobre o assunto. Dermer, como embaixador israelense, estaria sujeito às tais leis mesmo em solo americano. "Não é razoável que alguém que detenha tal posição de destaque viole a lei de maneira tão descarada", afirmou a parlamentar. 

Não é a primeira vez que um aliado próximo a Netanyahu é acusado de assédio sexual. Natan Eshel, ex-assessor do alto escalão do primeiro-ministro, foi forçado a renunciar em 2012 após alegações de que teria assediado e intimidado uma mulher no gabinete de Netanyahu, inclusive tirando fotos da saia dela. No início de 2018, o filho do primeiro-ministro, Yair, passou a ser alvo de críticas após a divulgação de uma gravação em que ele aparece dirigindo de forma imprudente, a caminho de clubes de Tel Aviv. Ele também fez comentários misóginos contra dançarinas, garçonetes e outras mulheres. 

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