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Morre o senador John McCain, rival de Obama em 2008 e crítico de Trump

Trump, que evitou ter palavras amáveis com McCain antes da sua morte, emitiu depois de saber a notícia um breve tuíte no qual também economizava qualquer elogio a seu companheiro de partido.

Agência Brasil

Publicado em 26/08/2018 às 15:09

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McCain, um veterano da Marinha que foi prisioneiro de guerra e sofreu torturas. / Divulgação/EFE/AB

O senador republicano John McCain, um ex-prisioneiro de guerra que perdeu as eleições de 2008 contra Barack Obama e se tornou ao final da vida uma das vozes conservadoras mais críticas ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, morreu neste sábado aos 81 anos, devido a um câncer no cérebro.

O veterano legislador, que morreu cercado pela família na sua casa perto de Sedona (Arizona), era uma das figuras políticas mais respeitadas dos EUA, apesar de ter passado a maior parte da sua carreira desafiando as normas e os esquemas estabelecidos de um Partido Republicano ao qual dedicou mais de três décadas da sua vida.

"O senador John Sydney McCain III morreu às 16h28 do dia 25 de agosto de 2018. Sua esposa Cindy e sua família estavam com o senador quando faleceu. No momento da sua morte, tinha servido de forma fiel aos Estados Unidos da América durante 60 anos", informou sua assessoria em comunicado.

"Morreu da forma como viveu: sob seus próprios termos, rodeado das pessoas que amava, e no lugar que mais gostava", afirmou em um tuíte sua esposa Cindy, que um dia antes tinha anunciado a interrupção do tratamento médico de seu marido.

McCain, um veterano da Marinha que foi prisioneiro de guerra e sofreu torturas durante cinco anos no Vietnã, ficou famoso internacionalmente durante sua campanha presidencial de 2008 contra Barack Obama, e nos últimos anos tinha ganhado as manchetes por causa de seus desencontros com o atual presidente americano.

Trump, que evitou ter palavras amáveis com McCain antes da sua morte, emitiu depois de saber a notícia um breve tuíte no qual também economizava qualquer elogio a seu companheiro de partido.

"A minha mais profunda compaixão e respeito à família do senador John McCain. Nossos corações e nossas orações estão com vocês!", escreveu Trump.

A primeira-dama, Melania Trump, agradeceu a McCain "pelo seu serviço à nação", e o vice-presidente americano, Mike Pence, destacou em um tuíte "a carreira de serviço ao país do senador, tanto nas Forças Armadas como na vida pública".

Há três meses, pessoas próximas a McCain informaram à Casa Branca que o senador não queria que Trump fosse a seu funeral e preferia que Pence fosse em seu lugar, segundo a emissora "NBC News".

De acordo com o antecipado em maio pela mesma emissora, espera-se que Obama e o ex-presidente George W. Bush (2001-2009) estejam em seu funeral e pronunciem algumas palavras.

Obama emitiu um comunicado emocionado sobre o qual foi seu rival nas eleições de 2008, de quem disse que "poucos superaram os testes que ele superou como prisioneiro de guerra".

"John McCain e eu fomos membros de gerações diferentes, viemos de contextos completamente diferentes, e competimos no nível mais alto da política. Mas compartilhamos uma fidelidade a algo superior: os ideais pelos quais gerações de americanos e imigrantes lutaram, combateram e se sacrificaram", afirmou Obama.

Muitos em ambos os lados do espectro político americano lembram ainda como McCain reagiu quando, durante a campanha de 2008, um de seus eleitores criticou Obama e o chamou de "árabe".

"Não, senhora. Ele é um homem de família decente", replicou McCain, que também pediu a seus simpatizantes que não tivessem "medo" de uma possível Presidência de Obama.

Conhecido como "inconformista" em seu partido, McCain não tinha problemas na hora de desafiar os cânones estabelecidos no aparelho republicano, e embora ao final de sua carreira tenha ficado em um terreno moderado, sua voz continuou caracterizada pela independência, através de críticas às políticas de Trump.

A relação entre ambos foi tensa desde o começo da campanha eleitoral de Trump, que disse em 2015 que, embora McCain fosse considerasse um "herói de guerra" por ter estado preso no Vietnã, ele gostava mais "das pessoas que não foram capturadas".

McCain criticou várias vezes a política externa de Trump após a sua chegada ao poder, e a tensão entre ambos teve sua máxima expressão em uma votação no Senado sobre uma medida que teria derrogado a reforma da saúde de Obama, em julho de 2017.

O senador, que acabava de ser diagnosticado com câncer, frustrou as perspectivas dessa lei com um voto negativo, mostrando a mão com o polegar para abaixo, que emitiu de madrugada no plenário do Senado e do qual Trump ainda fala amargamente nos seus comícios.

No mês passado, McCain criticou duramente a entrevista coletiva que Trump deu em Helsinque junto com o presidente russo, Vladimir Putin, e advertiu do "dano que causaria a ingenuidade, egoísmo e simpatia pelos autocratas do presidente americano".

McCain também se atreveu na década passada a condenar as torturas da CIA contra suspeitos de terrorismo, e ganhou a simpatia de muitos hispânicos pela sua defesa de uma reforma migratória que incluísse um caminho para a cidadania para os imigrantes ilegais.

Nascido em 1936 no canal do Panamá, quando este ainda estava sob controle americano, o senador se casou duas vezes e com sua agora viúva, Cindy, teve sete filhos que lhe deram cinco netos.

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