25 de Abril de 2024 • 09:18
Mundo
A Argentina é um dos países mais dolarizados do mundo. Peso e dólar convivem no dia a dia. Mas, nas horas de uma crise, o argentino se refugia na moeda americana.
"Na outra esquina, o dólar está um peso mais barato", disse, alvoroçado, Hector Becerra, 81, aos que estavam na fila de uma casa de câmbio do microcentro de Buenos Aires, coração das operações financeiras da cidade.
À reportagem Becerra contou a sua saga nos últimos dias. "Desde que o dólar começou a aumentar, tenho comprado, mas antes recorro às casas de câmbio da rua para ver qual está com o melhor preço."
Becerra teme que a crise atual se transforme na nova versão do "corralito", colapso cambial que levou à maxidesvalorização do peso em 2001 e jogou a economia no buraco.
"A ordem das coisas é exatamente esta: inflação, FMI, dólar dispara, daqui a pouco já não vai ter moeda americana para vender, e quem tem dinheiro em pesos no banco perde. Já caí nessa, perdi um montão no 'corralito'."
A Argentina é um dos países mais dolarizados do mundo. Peso e dólar convivem no dia a dia. Mas, nas horas de uma crise, o argentino se refugia na moeda americana.
Na semana passada, a forte pressão sobre câmbio em escala global foi especialmente cruel com os argentinos.
Na terça-feira (8), o peso se desvalorizou em 5%, e o governo anunciou que iria pedir ajuda ao FMI (Fundo Monetário Internacional) -algo que não ocorria havia 15 anos.
Na sexta retrasada (4), o banco central elevou os juros básicos de 27,5% ao ano para 40% na tentativa de segurar investidores e dólares, cujas cotações não param de oscilar.
Os painéis das casas de câmbio até viraram atração turística em Buenos Aires. Argentinos e estrangeiros param para tirar fotos.
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