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Ex-patrocinador vira eminência parda na administração do Santos

Além dos assessores mais próximos e leais, o mandatário passou a ter o empresário Renato Duprat como ponto de apoio à administração

Folhapress

Publicado em 28/09/2018 às 09:40

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José Carlos Peres foi eleito em dezembro do ano passado / Divulgação/Santos FC

José Carlos Peres foi eleito em dezembro do ano passado graças à costura de apoios políticos de diferentes grupos do Santos. Neste sábado (29), dez meses depois, ele tenta escapar do impeachment após entrar em rota de colisão com vários antigos apoiadores. Além dos assessores mais próximos e leais, o mandatário passou a ter o empresário Renato Duprat como ponto de apoio à administração.

Duprat foi o responsável por sugerir a Peres a contratação do advogado José Edgard Galvão Machado para defendê-lo no processo de impeachment. Mas Machado não era estranho para Peres. Uma reportagem da Folha de S. Paulo revelou que ele usava em seus documentos o mesmo endereço da Hi Talent, empresa de agenciamento de atletas que teve como sócio Ricardo Crivelli, o Lica, contratado por Peres para ser coordenador das categorias de base.

Atualmente, Crivelli está afastado enquanto a polícia investiga denúncia de abuso sexual com um menor de idade que passou pelo clube, informação também revelada pela Folha.

Antigo patrocinador do Santos na década de 90, quando era dono da Unicór, Renato Duprat se tornou um nome que age nos bastidores do futebol, tentando azeitar acordos de transferência e contratos de patrocínio. Sua última ligação visível no esporte foi com o grupo multinacional Doyen, que fez contrato com o Santos que possibilitou as chegadas de Leandro Damião e Lucas Lima, em 2013.

Peres reconheceu que não foi possível cumprir a promessa de unir todos os santistas por ter percebido que havia correntes políticas que não estavam interessadas no bem do clube.

A influência de Duprat no clube já dura alguns meses. Em fevereiro, ele recebeu em sua casa uma reunião para falar sobre a possível venda do zagueiro Lucas Veríssimo em que estavam presentes outros assessores de Peres, o próprio presidente e o então executivo de futebol, Gustavo Vieira de Oliveira. Este se retirou do encontro alegando que tratativas sobre a negociação do atleta tinham de acontecer na sede do Santos.

Poucas semanas depois, deixou o Santos.

O Santos deu uma documento para Nelio Lucas, CEO da Doyen Sports, o autorizando a oferecer o defensor a clubes do exterior.

O principal papel de Duprat, que também foi ligado ao iraniano Kia Joorabchian, na época da parceria entre a MSI e o Corinthians, entre 2004 e 2006, tem sido indicações e assessoramento a Peres. Ele indicou ao presidente do Santos o nome do ex-CEO do São Paulo e Figueirense, Alexandre Bourgeois, para ser executivo de futebol ao lado do ex-volante Renato.

Procurado, Bourgeois disse desconhecer o assunto mas que não teria interesse no cargo.

Empresários de futebol afirmaram à reportagem terem tido contato com Duprat nos últimos meses e ele reconheceu exercer influência sobre o presidente do Santos.

Um dos jogadores indicados por ele foi o zagueiro Gabriel Oliveira, 19, que ficou sem contrato no Vitória. O Santos acertou pagar R$ 1,5 milhão aos agentes do atletas para levá-lo à Vila Belmiro. Pela intermediação do negócio, a Yesport Marketing Esportivo fez contrato com Gabriel para receber R$ 150 mil de comissão do defensor.

Um dos proprietários da Yesport é Rodrigo Caruso Duprat, filho de Renato Duprat.

O ex-dono da Unicor tem levado também atletas para treinar na equipe sub-23.

No último dia 18, José Edgard Galvão Machado abriu mão de fazer a defesa de Peres no impeachment. O advogado foi questionado sobre a indicação de Renato Duprat, mas não respondeu à reportagem.

Duprat foi procurado por meio de telefonemas desde o início da semana. Algumas vezes, atendeu ao telefone, mas não disse nada e desligou. Também não respondeu a mensagem enviada por aplicativo.

O Santos ainda não respondeu sobre a influência do empresário no clube. 

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