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Dois anos após acidente, zagueiro da Chape ainda tenta voltar ao futebol

Neto, que ficou cerca de dez dias em coma após o acidente, ainda passou por cirurgias no nariz e no crânio.

Folhapress

Publicado em 24/11/2018 às 17:39

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O zagueiro Hélio Hermito Zampier, o Neto, 33 anos. / Divulgação

Último sobrevivente a ser resgatado após o acidente aéreo que vitimou 71 pessoas, incluindo 19 jogadores e 24 membros da delegação da Chapecoense, o zagueiro Hélio Hermito Zampier, o Neto, 33, continua os tratamentos obstinado a retomar a carreira de atleta dois anos após a tragédia na Colômbia.

Afastado dos gramados desde 23 de novembro de 2016 - seis dias antes da queda da aeronave da LaMia, quando participou do duelo contra o San Lorenzo (ARG), pela semifinal da Copa Sul-Americana - o defensor faz sessões de fisioterapia em período integral após passar por uma artroscopia no joelho direito há dois meses.

A intervenção foi a quarta desde o acidente. Ele já havia feito duas na Colômbia em razão de um grande corte que teve na perna esquerda que rompeu toda a parte muscular e teve a ruptura completa do tendão patelar do joelho direito. Ele teve que passar reconstrução do ligamento cruzado posterior do mesmo joelho em Chapecó em abril.

Neto, que ficou cerca de dez dias em coma após o acidente, ainda passou por cirurgias no nariz e no crânio. Na oportunidade, também contraiu uma forte pneumonia e correu risco de morte. Ele teve que fazer um tratamento conservador em razão dos traumas na coluna cervical e lombar, que o levaram a ter uma atrofia muscular severa.

"Estamos acreditando bastante que ele possa retornar aos gramados. Nosso trabalho está sendo feito para deixá-lo em condições de realizar a pré-temporada com o elenco. Se ele tiver sem dor, vai ganhar massa muscular de volta e retornará ao futebol", disse Carlos Henrique Mendonça Silva, médico da Chapecoense, que acompanha o atleta desde o acidente na Colômbia.

A maior preocupação do departamento médico do clube catarinense é com relação à lesão na patela. De acordo com ele, o jogador perdeu praticamente toda a cartilagem da patela no acidente.

"Ele tem essa vontade, quer voltar, quer continuar jogando e a cabeça dele está voltada para essa recuperação. Nesta última artroscopia teve uma surpresa muito favorável. O fator limitante, porém, é a dor. Estamos bem otimistas, mas não sabemos se ele vai jogar em alto nível. Porque o nível do atleta profissional hoje é muito elevado. Não adianta recuperá-lo e não colocá-lo em alto nível. Não vai resolver o problema. Ele tem a cabeça de um atleta competitivo", explicou Mendonça.

Logo após o acidente, Neto começou o processo de recuperação das primeiras cirurgias. Realizou fisioterapia e trabalho de fortalecimento muscular na academia do clube.

Fora do ambiente do futebol, escreveu um livro: "Posso crer no amanhã", lançado em julho do ano passado. A biografia vai além da madrugada trágica do acidente nos arredores de Medellín e conta a história do atleta desde que saiu de casa em busca do sonho de ser jogador e momentos familiares como a gravidez da esposa.

Muito ligado à religião, o zagueiro também promoveu cultos. Em um deles, realizado em São José dos Campos, interior de São Paulo, reuniu cerca de 4.000 pessoas.

"O Neto é polivalente. Escreveu livro, dá palestra. Ele tem a fala fácil", disse o médico.

E ele tem razão. No clube desde 2015, o zagueiro se tornou por alguns dias um interlocutor do elenco com a diretoria após a troca da comissão técnica em agosto. Na oportunidade, o treinador Gilson Kleina e Rui Costa, diretor executivo, foram demitidos, após o empate contra o Sport na Ilha do Retiro. Ele tem contrato com a Chapecoense até 2020.

A reportagem tentou entrar em contato com o atleta, mas o clube catarinense alegou que o jogador não gostaria de falar neste momento porque a equipe está em clima eleitoral. As eleições estão programadas para a primeira quinzena de dezembro, mas ainda não têm uma data definida.

Além de Neto, outros dois jogadores sobreviveram à tragédia: o goleiro Jakson Follmann, 26, e o lateral esquerdo/meia Alan Ruschel, 29.

Follmann, que teve parte da perna direita amputada no acidente, exerce atualmente a função de embaixador e de relações públicas do clube catarinense. Inclusive no início deste ano, representou o time no Prêmio Laureus, que aconteceu no Principado de Mônaco. Ganhou na categoria "Momento esportivo do ano".

Ele tem vínculo contratual até março de 2021.

Já Alan Ruschel, que ficou 13 dias internado na Colômbia e correu o risco de não poder mais andar em razão de uma lesão na coluna, foi o único que voltou a jogar futebol.

Ele fez sua primeira partida contra o Barcelona em agosto do ano passado -nove meses após a tragédia.

Desde então, disputou sete partidas na temporada passada e 18 neste ano. A última delas foi na vitória do clube sobre o Sport por 2 a 1, na última quinta-feira (22). Na oportunidade, começou como titular e jogou por 61 minutos.

Além dos atletas, os outros sobreviventes foram o jornalista brasileiro Rafael Henzel e os bolivianos, Erwin Tumiri, técnico da aeronave, e Ximena Suárez, comissária de bordo.

Henzel retornou às atividades na rádio Oeste Capital FM no início de janeiro de 2018. No dia 21, narrou o primeiro jogo do clube, exatos 52 dias após a tragédia -empate em amistoso contra o Palmeiras por 2 a 2, na Arena Condá.

O jornalista ainda foi convidado para participar de algumas transmissões pela TV Globo e lançou o livro "Viva Como se Estivesse de Partida", que mostra relatos do acidente.

Já a comissária também seguiu o mesmo caminho e lançou a biografia "Vou falar o que nunca foi dito", além de fazer eventos como modelos e participar de palestras.

A tragédia aérea completa dois anos na quinta-feira (29).

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