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Cultura

‘Vivemos um momento perigoso’, diz artista detido durante performance

Na ação da PM, Maikon Kempinski foi detido e levado para a 5ª Delegacia de Polícia (Asa Sul), em Brasília

Rafaella Martinez

Publicado em 02/09/2017 às 09:02

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Maikon Kempinski foi preso pela Polícia Militar em julho, durante performance artística / Divulgação

Em julho deste ano o dançarino e performer paranaense Maikon Kempinski foi preso pela Polícia Militar durante uma performance artística que integrava a programação do evento ‘Palco Giratório’, mostra teatral promovida pelo Serviço Social do Comércio (Sesc) em Brasília.

Na ação da PM, Kempinski foi detido e levado para a 5ª Delegacia de Polícia (Asa Sul), onde precisou assinar um termo circunstanciado de ato obsceno. Na apresentação, chamada ‘DNA de DAN’, o artista fica três horas imóvel dentro de uma bolha plástica e tem aplicado sobre o corpo nu uma substância que se resseca aos poucos, até formar uma espécie de segunda pele. O trabalho, pensado para ser apresentado em espaços públicos, existe desde 2013 e já foi apresentado em diversos locais.

“A performance já havia começado quando duas viaturas chegaram e questionaram a nudez na cena. No entanto, ela não é totalmente visível, pois eu estava com um produto na minha pele e dentro de uma bolha. No momento da chegada da viatura a produção estava resolvendo um problema técnico no interior do museu, mas para qualquer pessoa que passasse estava evidente que se tratava de um trabalho de arte, sem cunho sexual. Rasgaram meu cenário e tentaram me levar à força até a delegacia, onde passei por momentos humilhantes até a assinatura do termo”, conta Maikon.

Após o episódio, o artista voltará hoje ao mesmo local para fazer a apresentação, em um ato de protesto e reflexão sobre os tempos em que vivemos.

“Estamos em um momento perigoso. Vemos uma total descrença e um esfacelamento dos poderes. Quando se pune um artista sob a alegação de luta pela moralidade, esse artista é só um exemplo. É simbólico que essas ações aconteçam em torno de atos culturais, inclusive  em espetáculos que não tenham necessariamente um cunho político, como é o meu caso. Outra coisa importante é notar nas formas como juridicamente as pessoas se amparam ao código penal e as desculpas que são usadas para cercear a liberdade de expressão”, finaliza.

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