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Cultura

Reverência à mãe África no palco onde escravos receberam alforria

Protesto poético ‘PRETUme’ dissemina as influências de matriz africana em nosso cotidiano

Rafaella Martinez

Publicado em 02/09/2017 às 09:01

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PRETUme é sinônimo de petróleo, a matéria-prima essência de tudo; espetáculo não cria vítimas ou vilões / Denise Braga

Em março de 1886, alguns anos antes da abolição da escravatura no Brasil, o Teatro Guarany se tornou palco de um dos maiores atos abolicionistas de Santos, onde doze escravos ganharam cartas de alforria, compradas por políticos locais. Mais de 130 anos depois desse ato, em uma sociedade onde a cor da pele ainda é pretexto para intolerância, PRETUme entra em cena no mesmo palco para fazer uma ode à ancestralidade e as religiões de matriz africana.

No espetáculo, o ator Bruno Oliveira é Pretú, um personagem misto que desempenha o papel de contador de histórias, de homem negro escravizado que viveu no quilombo e ao mesmo tempo é um ativista, o cantor, o dançarino, o griô, o pai de santo, o pensador, o filósofo... Pretú é um leque de coisas. “É o preto falando sobre escravidão, sobre o quilombo e sobre as suas lutas, mas sem criar vítimas ou acusar vilões”, conta Oliveira, que assina a montagem do espetáculo ao lado de Raphael de Souza. Ambos são fundadores do Baobá Coletivo de Arte.

“Nosso objetivo era fazer algo que dialogasse com o povo e que destacasse a influência da história africana. Pretume é sinônimo de petróleo, a matéria-prima essência de tudo. Todo mundo tem um pé na senzala, pois tudo veio da mãe África. Nas veias de todos nós corre sangue preto”, conta Bruno.

PRETUme é um espetáculo autoral: a maquiagem usada em cena vem da Nigéria, país de origem do sacerdote de Bruno. As músicas também foram pensadas pelos idealizadores.

“Fazemos um protesto poético. Não estão explícitas algumas situações, mas falamos sobre a escravidão, o navio negreiro, o quilombo e a ótica do negro na sociedade. Quem conhece a história percebe e quem não sabe entende de uma forma intimista e sentimental. Essa é a maior beleza que tem na nossa obra. Ela é livre”, finaliza.

Agenda

16h | CENTRO CULTURAL CADEIA VELHA | Mostra Paralela | Roda de Conversa ‘O que queremos para o teatro de arena Rosinha Mastrângelo’;
18h | PRAÇA DOS ANDRADAS | Literatura | Leia ­Santos;
18h | PRAÇA DOS ANDRADAS | Mostra Paralela | ‘­Contação de Histórias’ (Cia. Histórias Brincantes/Praia ­Grande);
19h | PRAÇA DOS ANDRADAS | Mostra Regional | ‘Guaiá de todos nós’ (Cia. Burucutus/Itanhaém);
20h | CENTRO CULTURAL CADEIA VELHA | Mostra Paralela | ‘Sleep Mode’ (Grupo TESCOM/Santos);
20h45 | HALL DO TEATRO GUARANY | Mostra ­Paralela | ‘Performance 14’59’ (Grupo Gextus/Santos);
21h | TEATRO GUARANY | Mostra Regional | ‘­PRETUme’ (Baobá Coletivo de Arte/Santos);
22h30 | PRAÇA DOS ANDRADAS | Festa ao ar livre | ‘A Praça é Nossa’ (Coletivo 15/Santos).

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