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Cotidiano

Solidão é o sentimento mais citado por quem procura o CVV

Segundo coordenador da entidade em Santos, maioria das ligações vem de pessoas que se sentem só

Vanessa Pimentel

Publicado em 23/09/2017 às 10:00

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Unidade CVV de São Paulo promove amanhã, das 8h30 às 18h30, o curso gratuito para seleção de voluntários / Divulgação/CVV

Na última quinta feira, o Ministério da Saúde divulgou os dados sobre o número de suicídios registrados no país entre 2011 e 2015. Segundo o boletim, todos os dias, em média, 30 pessoas tiram a própria vida no Brasil. A região mais afetada é o Sudeste, com 38% dos casos registrados no país.

A meta agora, segundo a pasta, é reduzir a mortalidade por suicídio em 10% até 2020, com a expansão do Caps (Centro de Atenção Psicossocial) e da parceria com o CVV (Centro de Valorização à Vida) em mais oito estados.

Renato Caetano, voluntário e coordenador do CVV Santos, diz que a solidão é o sentimento mais citado por quem procura o serviço.

“Até hoje a TV é a companheira de muita gente solitária. A internet também veio suprir este sentimento, mas ainda assim, nada substitui a presença humana”, cita Renato.

O coordenador explica que a entidade registra por dia cerca de 70 ligações, 2000 por mês, e dos 80 postos do CVV espalhados pelos Brasil, apenas 20 oferecem atendimento 24 horas.

Ele acredita que a ampliação no horário de atendimento pela madrugada é importante, pois é nesse período que os telefonemas mais densos ocorrem.

O número de ligações também aumenta em datas comemorativas como Natal, Ano Novo e Carnaval, quando, segundo ele, enquanto muita gente se diverte, outros se sentem ainda mais sozinhos.

“O papel do CVV é ouvir o que a pessoa tem a dizer, mas é importante lembrar que a possibilidade de ouvir precisa ir além do CVV. Acordar às 4h da manhã e saber que se pode contar com quem está ao lado é muito reconfortante”, declara.

Em relação à menção ao suicídio, Caetano explica que a maioria das pessoas que liga para o CVV se diz deprimida, mas não chega a mencionar o termo.

“Existe uma distância entre a vontade de morrer e a vontade de se suicidar. Às vezes, a dor por qual a pessoa passa é tão dilacerante que ela manifesta vontade de morrer, mas isso não significa que ela possa fazer algo contra a própria vida. O que torna o sentimento da morte perigoso é a persistência do pensamento relacionado ao suicídio”, explica.

CVV procura voluntários

A Unidade Abolição do Centro de Valorização da Vida (CVV) em São Paulo promove amanhã, das 8h30 às 18h30, o curso gratuito para seleção e capacitação de voluntários.

As inscrições podem ser feitas no próprio local. Quem tiver interesse em se voluntariar precisa ter mais de 18 anos, disponibilidade de tempo (de 4 horas e meia, uma vez por semana).

Caetano explica que para ser voluntário, além da vontade de ajudar as pessoas, é preciso saber ouvir sem debater nem desvalorizar a dor, além de claro, ter muita empatia pelo ser humano.

“Tem gente que fala que não vale a pena sofrer por determinado motivo, mas isso é uma forma de desvalorizar a dor que o outro sente. Recebemos ligações de pessoas arrasadas com a perda de um filho e outras porque o gato que lhe acompanhou durante 18 anos morreu. Não nos cabe julgar, apenas ouvir e ajudar no que for possível”, analisa.

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