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Cotidiano

Festas de fim de ano fazem crescer abandono de animais

O número de animais abandonados no fim do ano aumenta cerca de 15%, segundo estimativas de entidades que cuidam dos bichinhos rejeitados

Folhapress

Publicado em 26/12/2018 às 19:20

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Festas de fim de ano fazem crescer abandono de animais / Agência Brasil

O número de animais abandonados no fim do ano aumenta cerca de 15%, segundo estimativas de entidades que cuidam dos bichinhos rejeitados. Os mais comuns são cachorros e gatos.

As causas seriam, segundo essas organizações, a chegada das festas de fim de ano e das férias. "As desculpas são sempre "o namorado não gosta do animal", "o bicho lembra o ex", "quero viajar em paz" ou "o animal envelheceu". Jogam o animal fora, como se fosse um nada", lamenta a ativista Luisa Mell, do instituto Luisa Mell.

"Qualquer mudança na vida é um pretexto para se livrar do bicho", segundo Vanice Teixeira Orlandi, presidente da Uipa (União Internacional Protetora dos Animais). "Adotar um cão ou um gato é assumir uma responsabilidade. Não pode ser uma ação por impulso. Eles dão trabalho, despesas, demandam carinho e atenção."

Vanice diz que nessa época do ano, o aumento de abandono é mais evidente, cerca de 15% maior. "Os cachorros são mais visíveis, mas gatos também sofrem", diz a presidente da ONG que acolhe 400 cães e 200 gatos.

No interior, a percepção é a mesma, segundo Priscilla Finamore, fundadora da OnG Amalo, em Louveira (71 km de SP). "Começa a aumentar o número de animais nas ruas em novembro". Ela diz, porém, que a melhor forma de combater o abandono dos bichos é a conscientização. "Precisamos bater esse papo nas escolas, porque as crianças acabam virando fiscais."Crime

Abandonar e maltratar animais é crime, passível de multa e prisão, de três meses a um ano. A advogada Joice Cristiane Crespilho, que tem três gatos e uma cadela resgatados da rua, cita uma cartilha do Ministério Público, que diz que "o crime de maus-tratos significa: impingir ao animal qualquer tipo de sofrimento, seja ele físico ou psíquico."

VIDA CURTA

Segundo a médica veterinária da Vetnil Fernanda Cioffetti, animais têm vida mais curta quando vivem nas ruas, mesmo os vira-latas, "que se viram".

"Na rua, eles são atropelados, envenenados, comem comidas pontiagudas, como ossos de galinha, que furam os órgãos, apanham de pessoas ou de outros animais. São várias crueldades."

Os animais domesticados tendem a sofrer mais quando estão nas ruas. "O bicho pode sentir mais dificuldade para encontrar comida sozinho, já que dependia de alguém que o alimentava. Pode não saber se defender. Fica mais vulnerável. É a continuação da crueldade do abandono"

A especialista explica que gatos vivem, no máximo, dois anos na rua, quando normalmente ultrapassam uma década de vida, se bem tratados. Cães têm uma expectativa similar. A veterinária diz que é difícil mensurar a quantidade de animais abandonados nas ruas.

Para quem abandonou ou pretende abandonar animais domésticos, a veterinária manda uma mensagem. "Animal é uma vida, não um brinquedo descartável."

ADOÇÃO

A projetista Alessandra Barth, 42 anos, saiu do trabalho e seguia para casa, há cerca de 15 dias, quando ouviu um miado vindo debaixo de um caminhão, na avenida Braz Leme, em Santana (zona norte de SP).

"Olhei e tinha um gatinho bebê no eixo do automóvel. Ele foi abandonado e acho que estava ali para buscar calor. Mas não conseguia sair. Voltei ao trabalho para pegar uma vassoura, e já havia um monte de gente ao redor do caminhão", explica.

"Tirei o gatinho de lá e, depois as pessoas ficaram olhando umas para as outras, sem saber o que fazer. Aí falei: "deixa comigo, vou levar para casa"".

E assim, a família Barth ganhou mais um membro, para a alegria do estudante Edgar, 9 anos, que logo batizou o novo bichano. "Pikachu", diz o garoto.

"Ele me faz feliz, é meu amigo. Dou comidinhas para ele. Quando me morde, não ligo, porque ele é muito bonzinho", conta.

O gatinho vai conviver ainda com dois cachorros, que já estão há anos na família, e mais uma criança de dois anos, o Alan.

"Vamos ter que acostumar o nosso novo gato a dividir o espaço com os demais aos poucos", diz o músico Edson Barth, 42 anos.

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