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Cotidiano

Crítico literário Alfredo Monte morre aos 54 anos

Ele vivia havia três anos com ELA (esclerose lateral amiotrófica), doença degenerativa que leva à paralisia.

Folhapress

Publicado em 01/12/2018 às 19:53

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Em entrevista à Folha de S.Paulo em maio deste ano, o crítico literário Alfredo Monte pediu que não fosse usada a palavra superação. "O desejo de viver me mantém trabalhando. Mas não quero que usem a palavra 'superação'. Esse é só um mecanismo psicológico para que os outros se sintam melhores", disse.

Doutor em teoria literária e literatura comparada pela USP, Monte morreu nesta sexta (30), aos 54 anos. Ele vivia havia três anos com ELA (esclerose lateral amiotrófica), doença degenerativa que leva à paralisia.

Embora tivesse perdido os movimentos dos braços, das pernas e o da respiração -o que lhe rendeu a traqueostomia que silenciou a voz que amigos definem como de barítono-, o crítico seguiu trabalhando. Para isso, contava com ajudantes que liam romances, contos e poesias em voz alta para ele.  

Na hora de escrever, usava uma tabela. A cartolina branca continha todas as letras do alfabeto e era colocada a sua frente. Assim que os dedos dos ajudantes ou dos enfermeiros passavam por cima da letra desejada, Monte levantava as sobrancelhas por trás dos óculos. A pessoa, então, anotava o símbolo. Em cerca de quatro horas, o texto estava pronto. No fim de cada mês, quatro ou cinco livros eram lidos e analisados.

Sobretudo obras de literatura brasileira contemporânea e de jovens autores. Monte foi colaborador da Folha de S.Paulo e avaliou no jornal livros de escritores como Rubem Fonseca,  Mario Vargas Llosa, Michel Laub e Daniel Galera.

Seu último texto na Ilustrada foi publicado em maio deste ano e acompanhava reportagem que falava sobre a sua rotina de trabalho mesmo com ELA. Na ocasião, escreveu sobre o livro "Palavras que Devoram Lágrimas" (Patuá), de Roberto Menezes.

O crítico estava internado havia dez dias e foi enterrado neste sábado (1º) no Cemitério Municipal de São Vicente, no litoral paulista, onde morava. 

Deixou a gata Clarinha e uma crítica inédita, do livro "Oito do Sete" (Reformatório), de Cristina Judar, vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura de Literatura deste ano, além de uma biblioteca com cerca de 4.000 títulos.

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