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Cotidiano

Alberto Mourão: 'Construir uma ponte usando verbas públicas é impossível'

Ele está em seu quinto mandato como prefeito de Praia Grande, foi deputado federal e já ocupou diversos cargos públicos

Carlos Ratton

Publicado em 17/09/2018 às 10:19

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Alberto Mourão coordena a campanha regional do candidato a governador João Dória / Rodrigo Montaldi/DL

Ele está em seu quinto mandato como prefeito de Praia Grande, foi deputado federal e já ocupou diversos cargos públicos. Agora, coordena a campanha regional do candidato a governador João Dória. Veja os melhores trechos da entrevista do prefeito Alberto Mourão (PSDB), que tem posições firmes sobre o desenvolvimento da região, como a questão da ponte entre Santos e Guarujá 

Diário – Dá para administrar a cidade e coordenar a campanha?
Alberto Mourão –
É um mês atípico. Eu pensei em me afastar da Prefeitura por 30 dias, mas a atual campanha é diferente, mais pelas redes sociais, mais limpa graças a Deus. Aliás, foi um grande avanço da nova legislação eleitoral. Fundamental é que o eleitor comece a buscar bons conteúdos de redes para obter informação verdadeira e poder decidir diante da urna.

Diário – João Dória prometeu não largar a Prefeitura, criou a Farinata, o carimbo nas mãos das crianças para que elas não repetissem a merenda, não foi feliz ao lidar com moradores de rua e usuários de drogas e está prometendo contratar seis mil policiais. Tá fácil elegê-lo?
Mourão –
Eu conversei com ele sobre isso. Precisamos aumentar o efetivo regional. A prioridade dele (Dória) é segurança, saúde, educação e geração de empregos. A gente precisa de efetivo (policial) e tecnologia se quisermos melhorar a segurança. O sistema de monitoramento não se resume a câmeras. Licenciamento de sistemas é custoso. Em Praia Grande, por exemplo, vou inaugurar o sistema de reconhecimento facial via câmera. Isso pode ocorrer porque a Cidade possui 207 quilômetros de fibra ótica e mais de 100 quilômetros de cabos cassete, que abastecem 2.080 câmeras. Adotamos o cerco eletrônico e baixamos em 70% o número de ocorrências. O Dória quer isso e ainda promover o treinamento e estímulo aos policiais.

Diário – Márcio França quer regionalizar o Porto de Santos. Isso é viável?
Mourão –
Também conversei muito com o Dória sobre isso. O Porto de Santos tem que ter uma gestão compartilhada com o Governo Federal. As ações do porto se refletem na economia do Estado (São Paulo) e nos municípios próximos. Ele é indutor da economia regional. Há um distanciamento entre a autoridade portuária e as administrações municipais. Isso é um erro. Pensam que são uma empresa, mas são mais do que isso, são parte integrante de uma logística que envolve vários modais. Todos os portos que se abriram começaram a ser opção melhor do que o de Santos. Além disso, deputados tem uma diretoria dentro do porto, formada por pessoas que sequer tem cultura portuária.

Diário – França prometeu agilizar a ligação seca entre Santos e Guarujá. Dória privatizar o sistema de travessia. Tem como acabar com essas novelas?
Mourão –
Construir uma ponte usando verbas públicas é impossível. Não vamos nos enganar pois são bilhões em investimentos. Não tem essa história de projeto porque já temos três ou quatro. Priorizar a educação talvez seja mais importante porque precisamos qualificar a mão de obra para poder ser absorvida após o reaquecimento do mercado. Daqui a dois ou três anos, teremos que promover uma nova concessão do Sistema Anchieta-Imigrantes. Nessa hora, pode-se exigir investimentos em obras e a ponte faz parte do sistema. Dória quer que isso (a ponte) seja paga por quem obter a concessão. O caminho é esse e não ficar falando que o projeto será realizado em dezembro.

Diário – O Governo PSDB mantém delegacias da mulher fechadas sábados, domingos e feriados e ­Restaurante Bom Prato idem. Mulher tem hora e dia para sofrer agressão e pobre wo mesmo para ­comer?
Mourão –
Restaurante popular se tornou uma opção para quem trabalha. As pessoas de rua não estão mais comendo nesses restaurantes. As delegacias deveriam abrir sábados e domingos, bem como os restaurantes. No caso das delegacias, acho fundamental humanizar o atendimento e colocar os policiais que exercem cargos administrativos na investigação. As delegacias têm que ser acolhedoras, principalmente as delegacias de Defesa da Mulher, que teriam que desenvolver um trabalho mais amplo de enfrentamento da violência contra a mulher. Dória prega a restruturação das polícias.

Diário – O senhor saiu satisfeito do Condesb?
Mourão –
Avançamos na área da saúde. Santos recebeu recursos para o Hospital dos Estivadores. Vou abrir o terceiro turno de hemodiálise em Praia Grande. O Estado reduziu o atendimento nos AMEs (ambulatórios médicos de especialidades). Praia Grande tinha 18 mil procedimentos/mês e agora são somente três. Tem candidato dizendo que precisa abrir equipamentos aos finais de semana. Não precisa. Basta injetar mais recursos e atender a demanda real. O PSDB não está comandando há oito meses. Dá para resolver o problema amanhã e só o Estado cumprir os contratos. Eu até ameacei tirar o prédio que eu construí do Estado.

Diário – O senhor continua questionando o traçado do VLT?
Mourão –
Eu conheço vários sistemas de transporte público. O BRT (Bus Rapid Transit) - Transporte Rápido por Ônibus - é mais eficiente e com custo mais baixo. Daqui a 10 anos, o Estado terá que manter o VLT sozinho, porque foi concedida a manutenção e operação. Por isso, acho melhor que as demais cidades sejam contempladas pelo BRT. Acho até importante se adotar os ônibus elétricos, como vem sendo feito pela China. Precisamos aproveitar as faixas de domínio das ferrovias para ligar as cidades da região. Isso também pode ser colocado no pacote da concessão da Anchieta-Imigrantes.

Diário – Praia Grande já é o terceiro município mais populoso da região. A que o ­senhor atribui tal ­crescimento?
Mourão –
A tendência das regiões metropolitanas é a expansão. Santos é o epicentro. Muitos santistas estão indo para Praia Grande porque sentiram que foi criada uma condição boa para se viver. Mais de 40% da Baixada migrou para Praia Grande. Os netos de santistas estão morando no Município. Eu investi em acessos. Hoje, o praiagrandense chega mais rápido em São Paulo do que em Santos. 

Diário - O senhor abriu licitação para construção dos novos quiosques da orla e reforma de equipamentos públicos da orla. Como está isso?
Mourão –
O edital foi impugnado. Tribunal de Contas avaliou, aconselhou mexer apenas em três itens da licitação e liberou. Depois, houve uma representação via Ministério Público, que não pode atuar em defesa de empresas, somente de cidadãos. A Justiça entendeu isso e republicamos o edital de acordo com as recomendações do Tribunal de Contas. Em outubro, serão abertos os envelopes. 

Diário – Os recentes resultados obtidos no Índice de Desenvolvimento de Educação Básica (Ideb) de 2017 reforça que o sistema de ensino na rede municipal de Praia Grande está no caminho certo. É isso?
Mourão –
Temos uma boa infraestrutura educacional. Temos 100% de lousas digitais, tabletes nas salas, grande maioria dos professores tem pós-graduação e doutorado. Temos plano de carreira e remuneração adequada e atualização profissional. Agora, estou tomando medidas no sentido de entender a evasão, retenção, enfim. 

Diário – Por exemplo
Mourão –
Muitas crianças não conseguem enxergar direito e a mão ou pai não sabem. Se você não corrigir a visão até os sete anos de idade, não se reverte mais o problema. Tem casos de seis ou sete graus. As crianças ficam piscando, desatentas, enfim. Também ocorre isso com relação a audição. Estou detectando esses problemas por intermédio de exames para melhorar o aproveitamento escolar das crianças. Para se ter uma ideia, de 105 crianças examinadas em uma escola, 32 terão que passar por um oculista. Vamos vasculhar 17 mil crianças para que elas passem bem para o Ensino Médio. Também vamos expandir a pedagogia comunitária para que os pais e as mães participem do processo educacional. Também vamos mapear o desempenho dos alunos para diagnosticar os problemas no ensino. 

Diário – O Complexo Empresarial e Aeroportuário Andaraguá sai do papel quando?
Mourão –
Três projetos são fundamentais para o desenvolvimento da região. Transformar o porto em um grande indutor de economia, reorganizar o polo petroquímico para gerar empregos e ­viabilizar o complexo Andaraguá, que vai gerar 15 mil empregos diretos. Estamos na fase final de licenciamento ambiental. Temos quatro ou cinco meses ainda para adequação e, depois, inicia-se a construção. Só a obra vai gerar entre quatro e cinco mil empregos. O empreendimento é gigantesco. 

Diário – O senhor continua com planos para a Cidade da Criança?
Mourão –
Estamos mapeando os passivos trabalhistas e tributários da instituição que gerenciava o lugar, depois analisar o modelo de gestão que será adotado e, por fim, manter a ideia de assistir crianças e jovens. Eu gostaria de manter uma instituição que promova o ensino técnico integrado, mesmo que   tenha que levar transporte público para lá. Também quero um local que promova esporte e meio ambiente.

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