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Cotidiano

“A cidade não pode perder tempo”, afirma Pedro Gouvêa

O prefeito eleito de São Vicente fala ao Diário do Litoral sobre os desafios que terá pela frente

Publicado em 07/10/2016 às 10:00

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Pedro Gouvêa (PMDB) assumirá a Prefeitura de São Vicente a partir do dia 1º de janeiro de 2017 / Rodrigo Montaldi/DL

Eleito com 87.365 votos, Pedro Gouvêa (PMDB) assumirá a Prefeitura de São Vicente a partir do dia 1º de janeiro de 2017. O peemedebista terá o desafio de conduzir uma cidade atolada em problemas e em grave crise econômica.

Formado em Administração, com experiência no Executivo e Legislativo e o apoio dos vereadores eleitos, Gouvêa está otimista. Nesta entrevista ao Diário do Litoral o próximo prefeito de São Vicente aborda a política vicentina e os desafios que terá pela frente.

Diário do Litoral - Qual a avaliação que o senhor faz do processo eleitoral e desta eleição?

Pedro Gouvêa – Essa eleição mostrou que há um esgotamento no sistema político que vem ocorrendo a nível de Brasil. A gente precisa dar uma cara nova na política e trazer um novo ciclo. O resultado das urnas foi exatamente isso. A exemplo de São Vicente nós tivemos uma renovação histórica na Câmara Municipal. Entendemos que aquela velha política não tem mais espaço na cidade e no cenário político. Diante disso, a gente vai sair do discurso para a prática. A partir de 1º de janeiro a gente tem o compromisso com a cidade. De trazer essa esperança à população de São Vicente.

Diário do Litoral – A cidade está dividida. O cenário nacional, com grande número de abstenções nesta eleição, sinalizam que a população deseja uma nova política. O senhor foi eleito com o apoio de 15 partidos e tem maioria ampla na Câmara, já que apenas dois vereadores não fazem parte da coligação que o elegeu. Como governar adotando uma nova política, que não vê com bons olhos as ‘barganhas’ e o ‘toma lá dá cá’?

Pedro Gouvêa – O que importa não é o número de partidos que está conosco. O que importa é quem vai conduzir esse processo e e quem está dentro do processo. Todos os vereadores eleitos – mesmo os dois que não estavam conosco – têm um pensamento de que aquela velha política tem que ficar para trás. A gente tem um compromisso de todos, neste momento, levantarmos uma única bandeira, que é a bandeira de São Vicente. A gente sabe que São Vicente clama por socorro e fomos eleitos para trazer essa esperança para as pessoas. Para que a gente possa conseguir trazer um novo conceito de se fazer política. A política de resultado. A política que a gente vai conseguir fazer com que cada cidadão de São Vicente tenha acesso aos serviços públicos oferecidos pela Prefeitura. Hoje isso não acontece na cidade. Os 15 partidos que estão com a gente sabiam que a nossa proposta não era a proposta da barganha. A nossa proposta, para estar ao nosso lado, era de amor pela cidade. Dessa forma a gente vai construir uma nova cidade.

Diário do Litoral - O senhor tem falado que pretende enxugar a máquina, revisar contratos e reduzir secretárias. O discurso é parecido com o do atual prefeito quando assumiu. A população pode confiar que será diferente?

Pedro Gouvêa – O remédio para curar o problema que a cidade tem sempre vão falar que é o mesmo. Agora esse remédio precisa ser ministrado. A gente tem que colocar em prática. Não adianta saber que tem de tomar o remédio e não tomar. Ele pode até ter falado e ter dito que teria de fazer essas questões as quais a gente tem afirmado que são necessárias. A gente tem capacidade para colocar isso em prática. Antes de ser político sou administrador de empresas e gestor público. Tenho total convicção do que é necessário ser feito para a cidade voltar a respirar. A partir do dia 1º de janeiro as responsabilidades do governo da cidade passam a ser do Pedro Gouvêa e dos 15 vereadores eleitos. A gente vai estar unido por uma cidade melhor. Trabalhando e fazendo com que se alcance todos os resultados pretendidos durante este período que antecedeu o processo eleitoral.

Diário do Litoral - Ainda é muito cedo para se falar em composição de secretarias, mas já há algum esboço ou estudo neste sentido?

Pedro Gouvêa – Um dos grandes problemas que houve neste último governo é que eles não fizeram o enxugamento da máquina pública. Não houve uma reforma administrativa efetiva. Houve um ajuntamento de secretarias onde não houve nenhum corte de cargos. Nós pretendemos fazer uma reforma administrativa. Pretendemos cortar o número de secretarias e de cargos comissionados. Dessa forma a gente vai trazer o resultado. Conseguir fazer com que as pessoas tenham um serviço eficiente. Um serviço que traga a elas aquilo que elas esperam. Ou seja creche funcionando, escola funcionando, saúde funcionando, zeladoria da cidade funcionando.

Diário do Litoral - Isso quer dizer uma gestão mais técnica e menos política?

Pedro Gouvêa – Mais técnica do que política. Mas em momento nenhum a gente vai deixar a política de lado. O que a gente precisa fazer, como tudo na vida, é encontrar equilíbrio. Nenhuma das vozes têm que ser mais forte. Tanto a voz da parte técnica quanto da voz política tem que estar em harmonia. É como uma orquestra. Tem que ter um maestro que conduza a orquestra da melhor forma possível, desempenhando o seu papel.

Diário do Litoral - A Prefeitura está com dificuldades de honrar os pagamentos dos servidores e os contratos com fornecedores. O senhor já conversou com o atual prefeito para saber da situação? 

Pedro Gouvêa – Nós conhecemos os problemas da cidade a partir do portal da transparência e das informações que temos quanto vereador, mas nós sabemos que a realidade sempre apresentada é outra. Já pedimos uma audiência com o prefeito para que a gente possa sentar e iniciar o processo de transição. A transição será feita o mais rápido possível. A cidade não pode perder tempo. A cidade perdeu muito tempo nestes últimos quatro anos. Viveu um grande retrocesso. A transição é para a gente planejar o que a gente vai fazer a partir do dia 1º de janeiro. Ter a noção real do que está acontecendo dentro da máquina pública. Na transição vai se poder conhecer como a realidade está. A cidade terá muitos desafios.

Diário do Litoral - Quais serão as primeiras medidas que o senhor vai adotar logo no início do mandato? Há alguma prioridade?

Pedro Gouvêa – Ir para a rua limpar a cidade. Tirar esse acúmulo de lixo que está na porta da casa das pessoas. Colocar a educação para funcionar. Fazer a saúde funcionar e iniciar todo um processo de zeladoria da cidade. Dessa forma, a gente vai restabelecer a ordem no município e, gradativamente, vamos reorganizar todas as áreas.

Diário do Litoral - A sua vice é da Área Continental. Que peso essa região terá no seu governo?

Pedro Gouvêa -  Terá um peso muito grande, pois entendemos que o crescimento da ilha passa pelo crescimento da Área Continental. A gente precisa levar os investimentos, as riquezas e dar acesso às pessoas ao serviços públicos na Área continental. Hoje qualquer pensamento de crescimento da cidade passa exclusivamente pela Área Continental. Não há como a gente pensar em fazer nada na Ilha com investimentos grandes porque nós não temos áreas. Ao lado do Humaitá temos uma área gigante que é da Prefeitura e que se tornará um parque industrial para a gente atrair essas novas empresas e investimentos. Fazendo com que a gente tenha uma Subprefeitura pujante com trabalhadores, máquinas e caminhões. Com autonomia para trabalhar para trazer resultados para a cidade. A gente precisa levar uma subsede da Codesavi para a Área Continental para fazer a zeladoria e dar essa atenção a população. A cidade está muito judiada e a gente só melhora isso com trabalho.

Diário do Litoral - Dos candidatos que se colocaram na disputa à Prefeitura, pretende chamar algum para conversar? Há possibilidade de composição com partidos que não o apoiaram durante a eleição?

Pedro Gouvêa – Neste momento o nosso pensamento é outro. O nosso pensamento é exatamente trazer a nova política. A gente pode discutir com todo mundo, até porque o processo eleitoral passou. A partir de agora todos têm que ter um único pensamento, que é a cidade de São Vicente, quem ganhou e quem perdeu. Mas, no momento, queremos governar com as pessoas que estiveram ao nosso lado durante essa caminhada. Que acreditaram na gente, que sonham os mesmos sonhos que a gente, e que têm os mesmos projetos para a cidade como os nossos. Esse será o formato da composição do governo que a gente vai fazer. Pessoas competentes e comprometidas vão governar a cidade.

Diário do Litoral - Há possibilidade de retorno das regionais nos modelo antigo, onde o vereador direciona o andamento dos trabalhos nos bairros em que têm maior atuação?

Pedro Gouvêa – Voltaremos com as regionais. Agora tudo na vida precisa ser reciclado. Não com o formato que as regionais funcionaram em outras administrações. A partir de agora vai ter a cara do Pedro, do Pedro Gouvêa. A gente vai trazer um novo formato respeitando todos os vereadores, porque nós sabemos que todos os vereadores estão comprometidos com São Vicente. Eles não estão preocupados com indicação de cargo. Não estão preocupados com regional. Eles estão preocupados em nos ajudar a tirar a cidade da UTI.

Diário do Litoral - Como pretende resolver o problema das creches, hoje muitas estão fechadas, e das Associações de Pais e Mestres (APMs)?

Pedro Gouvêa - A gente precisa fazer uma avaliação muito técnica sobre essa questão. O problema do sistema das creches não é o formato. A gente tem que levar em consideração que há uma lei do Marco Regulatório que, a partir de 2017, precisa ser aplicada em todos os municípios. Essa lei disciplina o trabalho do terceiro setor. A forma como era feita, até o presente momento, está dentro da lei e é permitida. Mas, a partir de 2017, a gente tem que rever isso. A gente vai ter que fazer um concurso de projetos ou uma licitação para colocar uma organização para poder tocar o processo, que não será mais como antes, com as associações de bairro, e que funcionavam. Da mesma forma que as escolas que são parceiras das APMS também precisarão passar por uma formatação jurídica que atenda a legislação vigente. A gente vai ter que contratar todos esses funcionários que trabalham nas APMs e nas associações das creches. Mantemos a nossa palavra de que essas pessoas serão absorvidas de alguma forma para a gente dar continuidade no trabalho da educação, que é importantíssima no município.

Diário do Litoral - Isso já logo no início do mandato?

Pedro Gouvêa - Será discutido na transição para  que, no início do ano, a gente possa ter isso pronto e funcionando na cidade de São Vicente. Vamos procurar o promotor, já estivemos com ele, para trazer uma solução para este problema.

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