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Mais de 1.500 itens são achados sob escombros do Museu Nacional do Rio

Nessa conta entram, além das peças das coleções, equipamentos, objetos pessoais, fragmentos arquitetônicos e alguns objetos ainda não identificados

Folhapress

Publicado em 11/12/2018 às 00:30

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O acervo do museu tinha no total mais de 20 milhões de peças / Agência Brasil

O Museu Nacional anunciou nesta segunda (10) que foram achados mais de 1.500 itens nos três meses seguintes ao incêndio que destruiu parcialmente o prédio bicentenário no Rio de Janeiro, em 2 de setembro.

Nessa conta entram, além das peças das coleções, equipamentos, objetos pessoais, fragmentos arquitetônicos e alguns objetos ainda não identificados. O número exato e a lista do que foi encontrado ainda estão sendo contabilizados.

O acervo do museu tinha no total mais de 20 milhões de peças, incluindo o que não foi atingido pelo incêndio -as coleções de invertebrados, vertebrados e de botânica, por exemplo, estavam armazenadas em prédios anexos.

"O resgate está apenas começando", afirmou o diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner. "Mas os itens achados até agora nos dão esperança e alento." Em outubro, ele já havia anunciado a recuperação do crânio e uma parte do fêmur de Luzia, o esqueleto humano mais antigo descoberto na América.

Os materiais foram encontrados junto aos escombros do prédio, durante o processo de remoção de entulhos e estabilização da estrutura do museu, que se iniciou há mais de dois meses e deve durar mais cerca de três meses.

Entre os itens do acervo já identificados estão minerais e peças de arqueologia e etnologia (que estuda povos e culturas), como as bonecas Karajá, cerâmicas feitas por mulheres indígenas no início do século 20 e consideradas patrimônio imaterial brasileiro.

Há também pontas de flecha que ajudam a entender a metalurgia indígena e um vaso peruano pré-histórico que era da coleção de Dom Pedro 2º. "Para nós é muito importante resgatar as peças que eram da coleção do imperador", diz a professora e antropóloga Claudia Carvalho, coordenadora da equipe de resgate do acervo.

Esses itens estão sendo armazenados em cerca de dez contêineres instalados ao lado do Museu Nacional. Eles têm um sistema de exaustão e garantem que as peças fiquem estáveis, evitando que a temperatura suba demais, apesar de não terem ar condicionado.

Outros oito contêineres que estão chegando também são usados como laboratório, para conservar, organizar e documentar o material encontrado. Toda peça ganha um número e a sua identificação, e depois vai sendo detalhada com as análises.

O trabalho de resgate vem sendo feito por uma equipe com 10 pesquisadores coordenadores, 47 servidores e 3 colaboradores. Eles tentam recuperar parte das coleções de antropologia, etnografia, paleontologia, geologia, entomologia, aracnologia e malacologia que estavam no interior do palácio.

O diretor do museu também anunciou nesta segunda uma doação do governo alemão de € 190 mil (cerca de R$ 850 mil), que serão usados emergencialmente para comprar computadores e materiais, como lupas, que ajudem nesse trabalho de recuperação. "Se fizéssemos por licitação demoraria demais", disse Kellner.

"A diversidade do Brasil e do mundo será preservada", afirmou o cônsul-geral da Alemanha, Klaus Zillikens. Ele declarou que o governo alemão pretende doar até € 1 milhão (cerca de R$ 4,4 milhões) no total e vem ajudando ainda com expertise no trabalho de resgate de acervos após desastres.

Agora o que preocupa são as chuvas de verão, já que a cobertura do museu ainda não foi concluída. O isolamento do prédio, seu escoramento e a construção dessa cobertura provisória estão sendo feitos por uma empresa contratada pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), que gere o museu, com uma verba de R$ 8,9 milhões liberada emergencialmente pelo Ministério da Educação.

Além desse dinheiro, a instituição conseguiu junto ao Congresso, por meio de emendas parlamentares, incluir um valor de R$ 56 milhões no orçamento da União do ano que vem. Essa quantia deve ser usada para reconstruir a infraestrutura básica do edifício, com paredes e teto definitivo.

Kellner chegou a estimar em outubro que, com essa verba, o museu poderia ser reaberto ao público em cerca de três anos, mas calculou que para uma reconstrução completa seriam necessários aproximadamente R$ 300 milhões. Ele disse nesta segunda que está tentando contato com a equipe de transição do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL).

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