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Em 5 anos, bandidos roubam ou furtam 875 armas de policiais de SP

As pistolas foram as armas mais levadas por criminosos. Ao todo, foram 416 pistolas roubadas e 283 furtadas

Folhapress

Publicado em 17/09/2018 às 20:00

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Exército realiza destruição de armas apreendidas pelo Poder Judiciário e pelas polícias Civil e Militar / Divulgação/Fotos Públicas

Em cinco anos, bandidos roubaram ou furtaram 875 armas de policiais civis e militares do estado de São Paulo. Os dados são da Secretaria da Segurança Pública, sob a gestão Márcio França (PSB), obtidos pela reportagem por meio de via Lei de Acesso à Informação. No total, foram 504 roubos e 371 furtos.

Entre 2013 e 2017, a PM teve 468 armas roubadas de seus agentes e 338 furtadas, totalizando 806 armamentos que saíram das mãos dos profissionais da Segurança Pública.

No mesmo período, a Polícia Civil teve roubadas e furtadas, respectivamente, 36 e 33 armas de fogo, totalizando 69.

Os dados mostram um predomínio dos casos de roubo -57,6% do total. Na capital paulista, não foi diferente: foram 227 armas roubadas e 128 furtadas da PM, e 17 roubadas e 15 furtadas da Civil.

As pistolas foram as armas mais levadas por criminosos. Ao todo, foram 416 pistolas roubadas e 283 furtadas, representando, respectivamente, 82,5% e 76,2% do total de armas tiradas das mãos de agentes de segurança no estado.

David Marques, coordenador de projetos do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, afirma que os dados mostram que as armas de fogo são um bem "visado pela criminalidade". "A arma de fogo, sobretudo hoje no Brasil, é muito valorizada no mercado ilegal.

Muitas vezes, quem tem arma [incluindo quem não é policial] é visado pela criminalidade, para o roubo desta arma", diz.

Segundo o mais recente o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, de 2017, quase 14 mil armas de fogo legais foram "perdidas, extraviadas ou furtadas" no Brasil.

"Isso equivale a 11,5% do total de armas apreendidas [que foi de 119 mil no ano passado]", afirma. No primeiro semestre deste ano, foram registrados 28 boletins de ocorrência no estado sobre o roubo de armas de PMs, e somente um de agente da Polícia Civil.

No mesmo período do ano passado, foram 37 assaltos a militares e nove a civis. Um caso que ainda será incluído nas estatísticas é o roubo da pistola ponto 40 do policial militar Hélio Valentim Junior, 44, no dia 9 deste mês no Sacomã (zona sul de SP).

A arma foi levada após uma dupla de criminosos tentar roubar, sem sucesso, a moto do cabo. Os bandidos fugiram e ainda não foram identificados.

A pistola da soldado Juliane dos Santos Duarte, 27, também foi roubada após a PM ser sequestrada, em 2 de agosto, na favela de Paraisópolis (zona sul). Ela foi pega por bandidos encapuzados e encontrada morta quatro dias depois.

Bruno Langeani, gerente de Sistemas de Justiça e Segurança Pública do Instituto Sou da Paz, diz que geralmente as armas usadas por criminosos são fabricadas no Brasil, compradas legalmente por pessoas físicas, ou por quem realiza segurança privada, além de policiais.

"Estas armas podem ser desviadas no decorrer de suas vidas úteis", afirma. "A arma, em invés de repelir, é um elemento de atração. Se o criminoso descobre que há uma arma em um local, isso se torna um 'ímã' para a invasão de casas ou fazendas, por exemplo", diz.

Segundo ele, as armas furtadas ou roubadas "estão dando tiro na polícia" no dia seguinte, contribuindo para o aumento da criminalidade.

Benedito Gomes Barbosa Júnior, especialista em segurança pública e presidente do Movimento Brasil Livre, que defende o direito das pessoas adquirirem armas de fogo, afirmou que a totalidade dos roubos e furtos de armas de policiais "é um número insignificante", comparado às apreensões de armamentos realizadas no estado de São Paulo -86.987, entre 2013 e 2017.

"Se pensarmos que um cidadão não pode ter arma porque ela pode ser roubada, tem que usar isso também para as polícias. Isso é uma enorme bobagem, tão bobagem como dizer que o cidadão não pode ter uma arma, porque ela pode ser furtada."

A Secretaria da Segurança Pública afirmou por meio de nota que sindicâncias ou inquéritos policiais militares apuram o extravio de armamento das polícias Civil e Militar.

"Os números citados pela reportagem representam 0,2% do total de armas em poder dos policiais [atualmente]", disse.

O governo afirmou ainda os roubos de armas de agentes superam os furtos pelo fato de representarem "motivo de força maior". "A quantidade de furtos de armamentos é menor em relação aos roubos, pois exige-se uma conduta e cuidados especiais dos policiais na guarda do equipamento", disse a pasta. 

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